quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Ingratidão

A ingratidão existe
e habita em todos nós
muitas vezes a usamos
as vezes acabando sois

somos pequenos ingratos
sem reconhecer o bem
mas isto até acontece
com a nossa própria mãe

Deus foi o 1ª sofrer
esta triste desilusão
que fez tudo pelos filhos
recebendo á traição

nós não reconhecemos
quem nos estende a mão
queremos ser bem servidos
depende da ocasião

muitas vezes esquecemos
o bem que nós recebemos
e o que fazem aos nossos filhos
muitas vezes não merecemos

quando as pessoas estão servidas
e tudo está encaminhado
muitas vezes dizem mal
ou mudam para outro lado

há pessoas tão ingratas
até para cmprimentar
muitas vezes olham para o lado
para fazer não avistar

só vêm quando queremº
e quando de facto interessa
nessa altura cumprimentam
ou levantam a cabeça

é como os políticos
que passam todos arrogantes
não conhecem os pobres
e mantem-se a distância

usamos as pessoas
para as nossas oportunidades
muitas vezes orgulhosos
e com uma certa vaidade


há um ditado popular
que diz o seguinte:
é melhor o vizinho á mão
que longe o nosso irmão

mas na hora da verdade
todos servem para dar bom dia
o pobre todo humilde
até fica com alegria

mas como a vida
pode mudar de repente
as vezes são dificuldades
que chegam a tanta gente

são doenças e sofrimento
que tudo vem modificar
são os filhos mal encaminhados
que nos vão prejudicar~

famílias que estão bem
até um certo momento
chega a muitas o desemprego
e ficam sem ter alento

são os vícios do diabo
que tudo vem destruir
são famílias inteiras
que passam noites sem dormir

mudam-se os temperamentos
muitas vezes já é tarde
acaba-se com arrogância
e tambem com a vaidade

Santa Tresinha foi tão humilde
e toda a ingratidão sofreu
fez tudo pelos pobres
e seu coração venceu

a Madre Teresa de Calcutá
a todos quis dar exemplo
viveu pobre,fez caridade
a toda a hora e momento

O Santo Padre foi  rezar
ao muro das lamentações
foi pedir perdão
por tantas ingratidões

nós somos tão pequeninos
perante o nosso Redentor
para quê ter recompensa
se tu és o Salvador


Senhor faz que toda a gente
sorria com alegria
seja humilde e reconhecido
com a tua companhia

que não guardam ressentimentos
que vivamos com amizade
e que saibam dar a mão
dentro da legalidade

todos nós somos iguais
com as nossas limitações
que Deus nos ilumine ~
com amor nos corações

que ninguém seja arrogante
que saibam agradecer
quem lhe estende a mão
pois só o bem pode querer


cada vez precisamos mais
da amizade do irmão
do vizinho ou do amigo
depende da ocasião


        Lídia Aveiro

sexta-feira, 10 de junho de 2011

As vivências da ribeira

Eu moro em Machico
mesmo perto da ribeira
onde cresci e vivi
e por cá fiz brincadeira

na minha infância
tudo era bem diferente
pois não havia nada
e vivamos contentes

nessa altura tudo era diferente
toda a gente ia a ribeira
pois a roupa era lavada
não havia água na torneira

as mulheres iam a ribeira
para a roupa lavar
onde muito conversavam
e ponham a roupa a corar

cedo iam para a ribeira
para apanhar o lugar
pois havia os lavadores
para a roupa lavar

algumas mais arrogantes
tudo tinham aprumado
faziam da ribeira
como um canto privado

arranjavam os poços
com lavadores em redor
tudo era arranjado
tudo queria o melhor

e depois o calhau
para a roupa corar
tudo era concorrência
tinham que cedo chegar

mas se houvesse alguém
que ocupasse o lugar
logo que o dono chegasse
tinha de se levantar

depois dava brigas
e as grandes confusões
muitas vezes sem necessidade
dava-se mal criações

mas quando chovia muito
tudo ficava desfeito
vinha as cheias levava tudo
tinham que dar novo jeito

tinham que voltar pedras
e lavadouros procurar
abrir pequenos regos
para a água poder passar

era uma luta constante
dia e noite na ribeira
para poder lavar a roupa
dava para a semana inteira

havia um dia por semana
que todos iam lavar
embora fossem outros dias
mas era com mais gavar

durante o dia iam molhar
a roupa que estava a corar
para mais tarde torcer
ir troçar e por a enxugar

e metiam no anil
para a roupa clarear
ficava mais azulada
para então enxugar

depois havia um dia
que era de engomar
com o ferro de carvão
as brasas tinham de assoprar

roupa com muitos remendos
tudo era bem lavada
ficava branca de neve
depois de bem esfregada

se a roupa fosse mal lavada
tudo era relatado
então toda a gente
tinham o máximo cuidado

as fraldas eram cueiros
de lençóis que ia ficando
ou outras roupas velhas
que as pessoas iam rasgando

e assim foram vivendo
pois era assim toda a gente
também havia as lavandeiras
que lavavam a muita gente

passavam dias inteiros
e talvez toda a semana
para lavar para as senhoras
que de finas tinham fama

ou se estavam doentes
também não podiam lavar
ir de giga para a ribeira
e ter de se joelhar

e havia sempre alguém
que muito se sujeitava
para ganhar um vintém
de qualquer maneira trabalhava

também havia os senhores
que as vacas iam pastar
pois também havia erva
para o gado sustentar

era cabras, vacas galinhas e patos
de tudo ia para a ribeira
pois os patos ponham os ovos
que até dava para a brincadeira

os pequenos iam brincar
e depois iam procurar
os ovos dos patos
para levar para fritar

quando encontrávamos o ovo
um ovo era uma alegria
o ovo era grande e branco
que fazíamos uma folia

era no meio da água
que muitas vezes se encontrava
os ovos dos patos
que os pequenos procuravam

enquanto as mães lavavam
nós íamos brincar
e fazíamos casinhas
com ervas a enfeitar

as pedras eram os filhos
tudo tinha uma razão
era a simplicidade
e alegria no coração

ou então íamos as canas
para a ribeira íamos chupar
no meio da água corrente
os choupos íamos deitar

ainda estou lembrada
duma cheia que deu
foi um grande aluvião
que Machico estremeceu

rebentou casas e pontes
tudo veio para a ribeira
rebentou uma mercearia
tudo ficou em lixeira

foi na casa dos guardas
a mercearia do Daniel
a água levou tudo
das massas ao papel

depois de muitos dias
e de parar de chover
fomos todos para a ribeira
era uma alegria ver

fomos procurar borracha
e também lápis de pau
fizemos uma festa
pois o tempo era mau

ninguém tinha para dar
todo o tostão era poupado
não é como neste tempo
que há tudo por todo o lado

quando chovia muito
tínhamos das passadas saltar
muitas vezes caiamos
tínhamos da roupa mudar

ficávamos todas molhadas
era uma complicação
pois a roupa era pouca
e não havia um tostão

no verão era mais fácil
da ribeira atravessar
no inverno água dava por o joelho
e podia nos levar

tínhamos uma tia
no outro lado da ribeira
e também fazenda
o que era uma canseira

e a maquina do leite
também era no outro lado
quando rebentou a ponte
tudo ficou enrascado

mas muitas vezes
a minha avó mandava
ir a maquina com o leite
e a ribeira atravessava

o caminho da ribeira
era uma estrada esteitinha
quase sempre caia os carros
pois protecção não havia

caia os carros para a ribeira
lá corria a pequenada
era sempre uma novidade
corríamos com velocidade

as vezes era as quebradas
quando chovia bastante
ficava apertadinho
pois tudo era distante

mas voltando um pouco atrás
quanto as vacas na ribeira
elas tinham o nome
e também um coleira

umas eram janeiras,morenas
laranjas pretas zarolhas
eram vários os homens
um deles era o Aleluia

andavam de bordão
para as vacas enxutar
algumas pisavam a roupa
que brigas vinham a dar

 também havia agrião
que todos iam apanhar
muitas vezes para a sopa
para os filhos sustentar

e também para espremer
para fazer infusão
havia gente doente
tuberculosa do pulmão

então o agrião
era um remédio indicado
depois juntavam,mel e aguardente
e tinham bom resultado

agora tudo mudou
já ninguém vai a ribeira
tudo tem maquina de lavar
já acabou a canseira


outros tempos outras alegrias
há de tudo para viver
contando isto a mocidade
eles não querem saber

parece ser mentira
como tudo acontecia
tristes dos nossos pais e avós
que sofriam em demasia

estou feliz por este tempo
e pela maneira de viver
obrigado ao Jesus
por tudo isto acontecer

fica aqui tudo escrito
pois isto é realidade
foi no nosso Machico
que agora é cidade

depois de tantos anos
e depois de muito trabalho
que alguém foi construindo
para nosso bem e regalo

Lídia Aveiro

terça-feira, 7 de junho de 2011

O Dote

Como tudo acontecia
nos tempos que já lá vão
era tudo bem diferente
não tinha comparação

Era pobreza diferente
mas diferente de pensar
tudo era bem poupado
para o dote comprar

As mães preocupavam-se
para tudo arranjar
pois era moda antiga
das filhas ter de comprar

Desde de muito novinhas
tudo tinha que trabalhar
para os poucos tostões
o dote ter de comprar

Depois mudou-se o nome
conforme a evolução
já chamavam enxoval
era outra designação

Quando a rapariga casava
o dote tinha de levar
desde os lençóis e cobertores
para os filhos se abafar

As toalhas de cozinha
as cobertas do tear
os tapetes de retalhos
tudo era para o lar

Compravam uma mala
para o dote arrumar
no inicio era uma caixa
para o dote guardar

E faziam os bordados
com rendas acompanhar
as camisas da noite e pijama
tinha de acompanhar

Era feito na costureira
pois pronto não havia
feito com imaginação
e alguma fantasia

toalhas de bordado madeira
feitas com muito primor
almofadas e toalhas
tudo feito com rigor

tudo eram espetacular
em pano de linho fino
tinha as toalhas de mesa
cada um com seu destino

as toalhas das mesa dos Santos
era feita de arrendado
com fechado,e caseado
tudo era bem bordado

as toalhas do lava mãos
com bordado  espetacular
com fechados e arrendados
era mesmo de encantar

mais tarde tudo mudou
já havia muito para comprar
toalhas de fantasia
não precisavam bordar

mas no meu tempo
também o dote se usava
mas para mandar bordar
já muito caro ficava

nem toda a gente sabia
bordar bordado madeira
se queria uma toalha
 já mexia na carteira

mandei bordar minha toalha
5 contos me custou
ganhava1200 escudos
bem carinho me ficou

ainda a tenho guardada
não sei qual o seu destino
pois gastei dinheiro a toa
mas era o tempo antigo

também havia outros pontos
para as toalhas bordar
fazíamos ponto cruz
para tudo embelezar

havia ponto grilhão
e pontos de alinhavar
havia ponto de diabo
que eu estive a bordar

comprávamos jogos de banho
e colchas de algodão
fazíamos panos de tabuleiro
tudo feito na perfeição

havia jogos de croché
para a casa enfeitar
fiz a colcha em croché
quando foi para casar

pois era grande moda
e muito eu trabalhei
agora são edredons
não dão maçada a ninguém

~há tudo para comprar
não precisa se cansar
até nas vespras do casamento
dá tempo para comprar

os lençóis já estão prontos
não é preciso canseira
noutro tempo era difícil
tinham que ir para a ribeira

compravam uma peça de pano
depois metiam na bosta de vaca
deixavam curtir uns dias
e depois é que lavavam

depois iam para a ribeira
para as peças estender
era dias a corar
só vendo para querer

depois eram divididos
para os lençóis fazer
era feito travesseiros
e almofadas conforme o querer

mas o lençol dos noivos
era feito de pano fino
com travesseiro e almofadas
tudo tinha o seu destino

era com bordado madeira
ou com bordado suíço acompanhar
havia muita vaidade
para ninguém relatar

pois faziam cama dos noivos
tudo era verificado
quem não tinha o dote
era tudo relatado

a cama era de palha
feita pela costureira
levava pontos com uma agulha
era tudo uma canseira

mas no meu tempo
era tudo bem diferente
já havia os colchões
diferente de antigamente

os nossos pais e avós
sofreram de toda a maneira
mesmo com pouco dinheiro
era tudo uma canseira

tinham que ir ao tear
como a minha mãe contava
tinham que tecer as cobertas
que as filhas abafava

ainda tenho guardado
com grande estimação
uma coberta tecida pela minha mãe
que me dá satisfação

tanto era o sofrimento
para tudo adquirir
e levar vida difícil
ainda estavam a sorrir

agora há demais
ninguém dá  o valor
nem sabem o que custa
seja lá o que for

ser preto ou branco
isso é o mesmo resultado
desde que haja dinheiro
o caso está arrumado

ninguém sabe o que custa
nem na aguilha sabem pegar
os pais que comprem as coisas
se os filhos querem casar

ai tempo bom que é agora
para a nova mocidade
que é só se divertir
no campo e na cidade


mas vamos com o tempo
mas é preciso pensar
a vida é boa
mas temos de trabalhar

é bom aprender
e há muita gente a ensinar
os pontos de antigamente
para a tradição
não acabar


por hoje vou terminar
e ainda estou aprender
estou na pintura dos tecidos
que me ajuda a viver

cada toalha que pinto
acho que vale a pena fazer
são as pequeninas coisas
que nos dão força de viver

ocupamos o nosso tempo
mas lhe damos o valor
ao ver o nosso trabalho
sentimos obra do Redentor

como é possível
tudo poder aprender
é  como as novas tecnologias
e conseguimos aprender

temos de dar o exemplo
aos jovens desanimados
que mesmo com esta idade
ainda fazemos beldades

muito tinha para contar
mas fica a opinião
façam tudo com carinho
vão sentir satisfação

Lídia Aveiro