Nome doce e delicado
que merece tanto carinho
pois são pessoas humanas
que precorreram um caminho
um caminho com sacrifício
com muitos dias de pranto
pois é assim a nossa vida
rindo gemendo e chorando
lutar pela vida fora
desde o romper do dia
para chegar a velhice
com uma certa alegria
muitas vezes não acontece
por diversos problemas
sentem-se desorientados
pensam não valer a pena
a nossa terceira idade
tem falta de carinho
por aquilo que eu vejo
só no sítio do piquinho
se sentir desprezado
deve ser duro sofrer
trabalhando toda a vida
acabando por morrer
muitos não são compreendidos
pelas ideias que tem
nunca tiveram auxilio
nem apoio de ninguém
enquanto são novos
pois tudo é diferente
trabalharam sem parar
são amigos de toda a gente
mas depois chega a velhice
todos ficam aborrecidos
os filhos não querem saber
pois já estão compremetidos
ficam abandonados
sem palavra de amizade
sentem-se tristes e angustiados
esta é a única verdade
pois se alguém lhes fala
para eles é uma alegria
sentem logo amizade
da sua querida família
ser velho e ser desprezado
é um terrível doença
pois nós não damos por isso
nem nos passa pela cabeça
eles gostam de carinho
como se fossem crianças
parar e falar com eles
tudo isto são lembranças
muitas vezes um velhinho
nós podemos ajudar
até as vezes pelo caminho
parar e cumpri mentar
pois é um gesto bonito
que eles dão o valor
não é dar bens materiais
mas sim um pouco de amor
mas o que existe pior
é quando ficam acamados
pois sentem-se rejeitados
pensam estar desprezados
muitos não tem carinho
da família onde vivem
pois vivem ameaçados
isto é o que eles dizem
muitos vão para os lares
para acabarem de morrer
pois existe muita família
que nunca mais os vão ver
porque não querem velhos
e não querem ter maçada
vão pedir para enternalos
ficam com a vida arrumada
e lá vão aqueles tristes
com muitas lágrimas no rosto
por tudo o que fizeram
morrem logo de desgosto
outros ainda muito novos
de doença foram afectados
pois estão muito grave
tem de ser enternados
muitas vezes acontece
de estarem a melhorar
quando chega o dia da alta
a família não os vão buscar
isto é a realidade
e está sempre acontecer
outros não visitam os pais
que os irmãos não se podem ver
e fazem se muito amáveis
para os vizinhos visitar
e desprezam a família
que está em primeiro lugar
quando chega a morte dos pais
ai que grande confusão
está na mente os bens
nem que seja um tostão
na vida não querem saber
nem sequer para visitar
mas no dia do funeral
estão em primeiro lugar
muitos para serem vistos
e dizer tudo está bem
mas durante a velhice
não visitam pai nem mãe
há dias aconteceu
de uma vizinha lamentar
que lhe tiram o dinheiro
e queria se eternar
é a própria família
que não tendo rendimentos
tiram o dinheiro a velhinha
e depois é só lamentos
agora daqui para a frente
penso que vai piorar
com a crise que está
os velhos não vão parar
muitas vezes os velhinhos
são tratados com dureza
dão-lhes o comer jogado
e não os sentam a mesa
quando eu era pequena
tinha uma vizinha velhinha
que lhe davam o comer
como se fosse para uma galinha
jogado em cima dum muro
e lá ficava sozinha
não ia a casa do filho
que a casa era fina
o mundo dá muitas voltas
e agora aconteceu
essa família está pobre
e esmolas já recebeu
também lhe dão no muro
como a mãe fazia
este mundo é para todos
um mundo de fantasia
mas quem semeia
um dia vai receber
não viva de ilusões
que tudo volta acontecer
filhos amai os vossos pais
até depois de velhinhos
pois eles tudo merecem
voltam a ser pequeninos
qual é o filho que não pensa
o que os pais na vida fizeram
muitas vezes sem haver
fazem da vida um mistério
dão voltas a imaginação
para tudo resolver
choram muitas vezes escondidos
para ninguém perceber
o pensamento dos pais
está ao filho ligado
em toda a hora e momento
e tudo faz em seu agrado
mesmo os mais pobres
querem o melhor para os filhos
não sei como se despreza
os seus melhores amigos
ainda há dias diziam
que está uma senhora eternada
mas a filha não a vai visitar
para não ficar envergonhada
isto no nosso Machico
mas que pense ela bem
foi a mãe que lutou por ela
para ter a vida que tem
mas ela já tem filhos
e deles vai receber
as sementes deitadas a terra
um dia irão crescer
os velhos são sabedoria
que muito tem de ensinar
foram eles que lutaram
e estiveram a trabalhar
o mundo está enganado
com esta evolução
deixam de ter valores
e entram na escravidão
quando as pessoas contam
aquilo que passaram
apertei a minha vida
e os meus filhos me desprezaram
tantos filhos que eu tive
e estou aqui sozinha
pois as vezes ainda chega
ao pé de mim uma vizinha
muitas vezes vão as vizinhas
para as magoas contar
muitas vezes são os netos
que já estão amaltratrar
amai os vossos velhinho
com amor e alegria
vê de neles uns amigos
era o que Jesus fazia
tinha muito para contar
mas estou um pouco cansada
mas a história é sempre igual
e não vai mudar em nada
façam sempre o bem
que um dia vão receber
fiz tudo pelos meus pais
sem nunca me arrepender
eles são os nossos amigos
do fundo do coração
deram a vida por nós
sem nunca haver exceção
Machico,23 de Agosto 2012
Lídia Aveiro
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
A Rua do Ribeirinho
A rua do ribeirinho
ficou de recordação
era a rua que eu passava
com maior descontração
eu andava na escola primária
na rua da estacada
não havia movimento
era uma rua parada
e ao sair ao recreio
tudo queria saltar
brica vamos mesmo na rua
com a empregada a vejiar
mas no final das aulas
íamos pelo ribeirinho
pois dava jeito saltar
no passeio do caminho
então havia um quintal
que tinha uma campainha
tocávamos e fujiamos
e lá a criada vinha
era branca e de avental
tinha um sinal no nariz
ficava arreliada
mas era a sua cruz
a quinta era bonita
com cadeiras para se sentar
uma mesa de jardim
nós ficávamos admirar
aos lados tinha flores
e em cima um corredor
tudo estava arrumado
tudo feito com rigor
já passaram 50 anos
e tudo está diferente
agora está abandonada
e já não existe gente
a erva já tomou conta
das pedrinhas do calhau
as pessoas vão morrendo
e tudo volta a ficar mau
agora quando passo
olho sempre para lá
eu penso como tudo fica
e o estado em que está
ali vivia gente fina
diferente de toda a gente
era o Sr António
que fazia de agente
as pessoas entravam e saiam
com as linhas e o bordado
todas iam com a missão
de fazer o seu recado
depois de tantos anos
tudo muda derrepente
morrem os donos
fica tudo para os parentes
mas todos seguem seu destino
e custa muito dinheiro
para manter as casas
deixam ficar com palheiro
há coisas que não esquece
de quando somos crianças
coisas simples que fazíamos
e que temos na lembrança
quando vinhamos da escola
contávamos muitas anedotas
umas claro mais simples
e outras muito mais tortas
subíamos a louvadinha
para as provas verificar
as que tinham erros
tratávamos de rasgar
depois eu ia estudar
com a minha prima Maria
ás vezes ao pé do trigo
e muito agente se ria
nessa altura fiz uma quadra
ao meu tio inglês
Maria é que se lembra
e diz que foi eu que fiz
talvez já tinha jeito
mas não dava importância
pois de certeza tinha jeito
mas são coisas de criança
agora tudo mudou
a rua está movimentada
a escola já fechou
e já tem outra morada
com o tempo tudo passa
como passa a primavera
tudo está diferente
e nada é o que era
olhava para a minha escola
com grande saudade
onde eu aprendi a ler
com a minha ingenuidade
toda a criança bela
tudo se torna verdade
os adultos ocultavam
a vida e a realidade
olhava para a minha professora
com respeito e carinho
era já de certa idade
e falava devagarinho
A D. Maria José Almada
A mãe do menino Tiago
todos eram respeitados
pois todos eram fidalgos
então a minha mãe
ensinava a respeitar
os nossos Superiores
estavam em primeiro lugar
Bom dia sr professora
era como tínhamos que dizer
e estava correto
pois respeito tinha de haver
e dávamos um beijo
ainda estou lembrada
era uma cara mole
e tinha uma papada
a escola era branca
com os tapas sois verdes
as carteiras castanhas
e os mapas nas paredes
e havia a empregada
era a senhora Mariazinha
magrinha e educada
fazia o que podia
no recreio a correr
pelas escadas sem parar
para ir a casa de banho
e depois para brincar
era na parte da manhã
que a escola começava
quando vinha sas enfermeiras
já tudo se assustava
e quando vinha os senhores
dar óleo de figado de bacalhau
era uma desgraça
pois o óleo era mau
e assim tudo passou
agora é tudo diferente
cada um com o seu tempo
e todos vivem contentes
e assim se passou
muito há para contar
todos tem sua história
é preciso recordar
machico 13 de Agosto de 2012
Lídia Aveiro
ficou de recordação
era a rua que eu passava
com maior descontração
eu andava na escola primária
na rua da estacada
não havia movimento
era uma rua parada
e ao sair ao recreio
tudo queria saltar
brica vamos mesmo na rua
com a empregada a vejiar
mas no final das aulas
íamos pelo ribeirinho
pois dava jeito saltar
no passeio do caminho
então havia um quintal
que tinha uma campainha
tocávamos e fujiamos
e lá a criada vinha
era branca e de avental
tinha um sinal no nariz
ficava arreliada
mas era a sua cruz
a quinta era bonita
com cadeiras para se sentar
uma mesa de jardim
nós ficávamos admirar
aos lados tinha flores
e em cima um corredor
tudo estava arrumado
tudo feito com rigor
já passaram 50 anos
e tudo está diferente
agora está abandonada
e já não existe gente
a erva já tomou conta
das pedrinhas do calhau
as pessoas vão morrendo
e tudo volta a ficar mau
agora quando passo
olho sempre para lá
eu penso como tudo fica
e o estado em que está
ali vivia gente fina
diferente de toda a gente
era o Sr António
que fazia de agente
as pessoas entravam e saiam
com as linhas e o bordado
todas iam com a missão
de fazer o seu recado
depois de tantos anos
tudo muda derrepente
morrem os donos
fica tudo para os parentes
mas todos seguem seu destino
e custa muito dinheiro
para manter as casas
deixam ficar com palheiro
há coisas que não esquece
de quando somos crianças
coisas simples que fazíamos
e que temos na lembrança
quando vinhamos da escola
contávamos muitas anedotas
umas claro mais simples
e outras muito mais tortas
subíamos a louvadinha
para as provas verificar
as que tinham erros
tratávamos de rasgar
depois eu ia estudar
com a minha prima Maria
ás vezes ao pé do trigo
e muito agente se ria
nessa altura fiz uma quadra
ao meu tio inglês
Maria é que se lembra
e diz que foi eu que fiz
talvez já tinha jeito
mas não dava importância
pois de certeza tinha jeito
mas são coisas de criança
agora tudo mudou
a rua está movimentada
a escola já fechou
e já tem outra morada
com o tempo tudo passa
como passa a primavera
tudo está diferente
e nada é o que era
olhava para a minha escola
com grande saudade
onde eu aprendi a ler
com a minha ingenuidade
toda a criança bela
tudo se torna verdade
os adultos ocultavam
a vida e a realidade
olhava para a minha professora
com respeito e carinho
era já de certa idade
e falava devagarinho
A D. Maria José Almada
A mãe do menino Tiago
todos eram respeitados
pois todos eram fidalgos
então a minha mãe
ensinava a respeitar
os nossos Superiores
estavam em primeiro lugar
Bom dia sr professora
era como tínhamos que dizer
e estava correto
pois respeito tinha de haver
e dávamos um beijo
ainda estou lembrada
era uma cara mole
e tinha uma papada
a escola era branca
com os tapas sois verdes
as carteiras castanhas
e os mapas nas paredes
e havia a empregada
era a senhora Mariazinha
magrinha e educada
fazia o que podia
no recreio a correr
pelas escadas sem parar
para ir a casa de banho
e depois para brincar
era na parte da manhã
que a escola começava
quando vinha sas enfermeiras
já tudo se assustava
e quando vinha os senhores
dar óleo de figado de bacalhau
era uma desgraça
pois o óleo era mau
e assim tudo passou
agora é tudo diferente
cada um com o seu tempo
e todos vivem contentes
e assim se passou
muito há para contar
todos tem sua história
é preciso recordar
machico 13 de Agosto de 2012
Lídia Aveiro
domingo, 12 de agosto de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
A Senhora Laurinda
A senhora Laurinda
era a nossa vendeira
que estava dentro do balcão
a semana inteira
quando eu nasci
e comecei andar
ia com a minha mãe
as compras buscar
ora na altura dos anos 50
não havia muito para escolher
havia as vendas
tudo tinha para vender
então aqui perto de casa
havia a sr Laurinda
que todos iam a venda
e compravam o que lá tinha
era o pão,e massa
arroz milho e feijão
açúcar café e azeite
tudo para a ocasião
tudo o que lá havia
podíamos comprar
que era fiado
para no fim do mês pagar
Asr Laurinda tinha um livro
cada um com o seu nome
onde marcava as compras
e o fraguês tinha um rol
mas quando íamos as compras
tínhamos de o rol levar
para bater tudo certo
para nada poder falhar
e quando havia o dinheiro
o rol era para somar
para darmos o dinheiro
para poder descontar
muitas vezes não chegava
para pagar toda a conta
ficava para o mês seguinte
mas a folha era outra
mas havia muita gente
que não era correta
deixavam os calotes
ponham a vendeira a miséria
a sr Laurinda muito se agoniou
pois tinha contas para pagar
e o dinheiro não chegou
tinha que se envergonhar a
a pedir o que era seu
pois chegava a carga para a venda
e o dinheiro não recebeu
muitas vezes foi pedir
a outros para pagar
a mercadoria
que lhe estava a chegar
ela bem conhecia
os pangeiros que lá tinha
que só queriam levar
mas dinheiro não havia
a venda abria cedo
para vender o pão
fechava a hora do almoço
sempre com muita confusão
havia sempre gente
a bater a toda a hora
ela não podia almoçar
mas não mandava embora
tudo o que faltava em casa
era só ir buscar
a sr Laurinda era boa
e não ia maltratar
também havia o quartinho
ao lado da mercearia
era o quartinho do vinho
tinha muita alegria
era vinho e cerveja
brandyse aguardente
genebreque era para as dores
tudo ficava contente
mas dava muitas brigas
quando as mulheres chegavam
para chamar os maridos
que na bebedeira lá estavam
mas muitas vezes aconteceu
da venda fechar
os bêbados não saiam
pois queriam conversar
conversar e beber
era essa a discussão
que gastavam o dinheiro
e depois faltava o pão
mas ao lado do quartinho
havia a sapataria
que o mestre Manuel
era marido da sr Laurinda
muita gente trabalhava
muitos sapatos faziam
tinha os empregados
trabalhavam por medida
faziam toda a qualidade
tudo com perfeição
botas de homem e mulher
e sapatos para a ocasião
mas o mestre Manuel
quando começava a beber
era 15 dias seguidos
só vendo para querer
agoniava a mulher
ela sempre calada
levava com paciência
aquela sua jornada
ele aproveitava a bebedeira
para a mulher gabar
e também dava recados
para as pessoas lhe pagar
um dia estava bêbado
e ao vinte e sete cantou
uma cantiga de recados
que o cunhado não gostou
eu quando vou ver a bola
eu sei quem joga e quem mete golo
o cunhado do coração
vejie o que vai no rol
as vezes dava zaragatas
mas tinha mesmo que ser
pois iam buscar as compras
sem o dinheiro haver
depois quando começou
os novos super mercados
as pessoas abandonar vendas
deixando tudo atrasado
muitas vezes a sr Laurinda
foi a gaveta tirar
o seu dinheiro
para irmos a outra venda comprar
quando ela não tinha
não queri ficar mal
e dava o seu dinheiro
que isso não é normal
muito sofreu
para a todos agradar
muitos deixaram calotes
e nunca foram pagar
ainda estou lembrada
de ver a sr Laurinda somar
as contas dos fregueses
eu estava apreciar
aprendi a fazer
sempre com muita atenção
a prova dos 9
guardo a recordação
nunca mais me esqueci
e ainda sei fazer
agora a malta jovem
nem disso quer saber
e assim fica para a história
coisas do passado
que agora já não existe
e dava bom resultado
asr Laurinda não tinha filhos
foi madrinha de muita gente
todos lhe pediam favores
ela ficava contente
era muito boa
foi a mãe de muita gente
que muitos matou a fome
estava sempre sorridente
e quando as pessoas não tinham
dinheiro par o doutor
pediam para emprestar
as vezes com muita dor
tempos difíceis de crise
foi nesse tempo passado
que não havia nada
era tudo emprestado
agora morreu velhinha
e estava sempre a rezar
muito ajudou para a Igreja
Deus a vai recompensar
agora depois de 7 anos
de estar tudo fechado
apareceu atasca da Laurinda
que vai dar bom resultado
agora é o bar da poncha
e estou muito contente
por ver com utilidade
um lugar que a gente sente
parece estar denovo
a voltar a minha infância
o lugar por onde andei
quando eu era criança
e assim fica estas quadras
para poder recordar
tinha muito para escrever
mas estas já vão chegar
quantos agora queriam
que houvesse um Laurinda
para voltar a fiar
ficavam felizes da vida
Ela foi a mãe dos pobres
e a muitos ajudou
já partiu para outra vida
e tudo por cá ficou
guardo com muito carinho
s contas que me ofereceu
é um rosário bonito
pois foi as suas mãos que medeu
também tenho umas fotos
que foi eu que as tirei
guardo com todo o carinho
pois a tenho como uma mãe
machico,2 de Fevereiro de2012
Lídia Aveiro
era a nossa vendeira
que estava dentro do balcão
a semana inteira
quando eu nasci
e comecei andar
ia com a minha mãe
as compras buscar
ora na altura dos anos 50
não havia muito para escolher
havia as vendas
tudo tinha para vender
então aqui perto de casa
havia a sr Laurinda
que todos iam a venda
e compravam o que lá tinha
era o pão,e massa
arroz milho e feijão
açúcar café e azeite
tudo para a ocasião
tudo o que lá havia
podíamos comprar
que era fiado
para no fim do mês pagar
Asr Laurinda tinha um livro
cada um com o seu nome
onde marcava as compras
e o fraguês tinha um rol
mas quando íamos as compras
tínhamos de o rol levar
para bater tudo certo
para nada poder falhar
e quando havia o dinheiro
o rol era para somar
para darmos o dinheiro
para poder descontar
muitas vezes não chegava
para pagar toda a conta
ficava para o mês seguinte
mas a folha era outra
mas havia muita gente
que não era correta
deixavam os calotes
ponham a vendeira a miséria
a sr Laurinda muito se agoniou
pois tinha contas para pagar
e o dinheiro não chegou
tinha que se envergonhar a
a pedir o que era seu
pois chegava a carga para a venda
e o dinheiro não recebeu
muitas vezes foi pedir
a outros para pagar
a mercadoria
que lhe estava a chegar
ela bem conhecia
os pangeiros que lá tinha
que só queriam levar
mas dinheiro não havia
a venda abria cedo
para vender o pão
fechava a hora do almoço
sempre com muita confusão
havia sempre gente
a bater a toda a hora
ela não podia almoçar
mas não mandava embora
tudo o que faltava em casa
era só ir buscar
a sr Laurinda era boa
e não ia maltratar
também havia o quartinho
ao lado da mercearia
era o quartinho do vinho
tinha muita alegria
era vinho e cerveja
brandyse aguardente
genebreque era para as dores
tudo ficava contente
mas dava muitas brigas
quando as mulheres chegavam
para chamar os maridos
que na bebedeira lá estavam
mas muitas vezes aconteceu
da venda fechar
os bêbados não saiam
pois queriam conversar
conversar e beber
era essa a discussão
que gastavam o dinheiro
e depois faltava o pão
mas ao lado do quartinho
havia a sapataria
que o mestre Manuel
era marido da sr Laurinda
muita gente trabalhava
muitos sapatos faziam
tinha os empregados
trabalhavam por medida
faziam toda a qualidade
tudo com perfeição
botas de homem e mulher
e sapatos para a ocasião
mas o mestre Manuel
quando começava a beber
era 15 dias seguidos
só vendo para querer
agoniava a mulher
ela sempre calada
levava com paciência
aquela sua jornada
ele aproveitava a bebedeira
para a mulher gabar
e também dava recados
para as pessoas lhe pagar
um dia estava bêbado
e ao vinte e sete cantou
uma cantiga de recados
que o cunhado não gostou
eu quando vou ver a bola
eu sei quem joga e quem mete golo
o cunhado do coração
vejie o que vai no rol
as vezes dava zaragatas
mas tinha mesmo que ser
pois iam buscar as compras
sem o dinheiro haver
depois quando começou
os novos super mercados
as pessoas abandonar vendas
deixando tudo atrasado
muitas vezes a sr Laurinda
foi a gaveta tirar
o seu dinheiro
para irmos a outra venda comprar
quando ela não tinha
não queri ficar mal
e dava o seu dinheiro
que isso não é normal
muito sofreu
para a todos agradar
muitos deixaram calotes
e nunca foram pagar
ainda estou lembrada
de ver a sr Laurinda somar
as contas dos fregueses
eu estava apreciar
aprendi a fazer
sempre com muita atenção
a prova dos 9
guardo a recordação
nunca mais me esqueci
e ainda sei fazer
agora a malta jovem
nem disso quer saber
e assim fica para a história
coisas do passado
que agora já não existe
e dava bom resultado
asr Laurinda não tinha filhos
foi madrinha de muita gente
todos lhe pediam favores
ela ficava contente
era muito boa
foi a mãe de muita gente
que muitos matou a fome
estava sempre sorridente
e quando as pessoas não tinham
dinheiro par o doutor
pediam para emprestar
as vezes com muita dor
tempos difíceis de crise
foi nesse tempo passado
que não havia nada
era tudo emprestado
agora morreu velhinha
e estava sempre a rezar
muito ajudou para a Igreja
Deus a vai recompensar
agora depois de 7 anos
de estar tudo fechado
apareceu atasca da Laurinda
que vai dar bom resultado
agora é o bar da poncha
e estou muito contente
por ver com utilidade
um lugar que a gente sente
parece estar denovo
a voltar a minha infância
o lugar por onde andei
quando eu era criança
e assim fica estas quadras
para poder recordar
tinha muito para escrever
mas estas já vão chegar
quantos agora queriam
que houvesse um Laurinda
para voltar a fiar
ficavam felizes da vida
Ela foi a mãe dos pobres
e a muitos ajudou
já partiu para outra vida
e tudo por cá ficou
guardo com muito carinho
s contas que me ofereceu
é um rosário bonito
pois foi as suas mãos que medeu
também tenho umas fotos
que foi eu que as tirei
guardo com todo o carinho
pois a tenho como uma mãe
machico,2 de Fevereiro de2012
Lídia Aveiro
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
A minha escola primária
No dia 7 de Outubro 1958
foi um dia especial
foi o meu primeiro dia de escola
mais nenhum será igual
com uma batinha branca
e uma bolsinha de trapo
com uma pedra e um lápis
e um livrinho usado
arrepiada com frio
lá ia para a escola
era mesmo no engenho
lá ia com a sacola
dinheiro não havia
ninguém tinha para gastar
havia o recreio
mas era só para brincar
a D: Maria José Almada
era a minha professora
uma senhora velhinha
era mesmo uma doctora
as meninas ricas
eram sentadas á frente
vinham vestidas e calçadas
muito diferente da gente
eram tratadas diferentes
e tratadas por meninas
eram dos senhores da vila
que já tinham suas manias
a Lucinha e a Manuela
a Rosália e Adriana
eram mais finas
pois disso já tinham fama
na hora do recreio
olhava para o quintal
com laranjas pelo chão
era do Sr. Juvenal
então as meninas da casa
pediam para varrer
para darem uma laranja
que estava apodrecer
o quintal era asseado
com pedrinha do calhau
todo bem dividido
mas o acesso era mau
não se podia saltar
para as laranjas comer
só a menina Cristina
o caso podia resolver
nessa altura não havia
laranjas para comprar
era só pelo Natal
que alguém vinha vender
não vinha de fora
fruta para vender
era só da região
que havia para comer
mas eu gostava da escola
e chorava quando estava doente
queria ir para a escola
não queria ficar ausente
esperta e dedicada
tudo estava aprender
passei sempre de classe
só vendo para querer
ia com a minha prima
que era da minha idade
a minha prima Maria
que vivia com humildade
tinha os mesmos haveres
e a mesma situação
íamos as duas para a escola
com a maior satisfação
ela era obediente
e tinha medo de brincar
quando acabava a escola
eu só queria saltar
mas muitas vezes acontecia
de Maria não esperar
chegava primeiro do que eu
minha mãe estava a ralhar
então dizia á minha prima
que ela tinha de esperar
senão no outro dia
não a deixava estudar
estudávamos tanto
para tudo bater certo
sabíamos tudo de cor
nada era incorreto
a professora chamava-me
sempre com muita atenção
para eu ir ao mapa
apresentar a lição
isto na 3ª classe
sabia tudo aprumado
sabia os rios de core
e obtida o resultado
nessa altura havia a régua
que era muito engraçada
toda redonda com furos
ficava com as mãos inchadas
mas penso que levei pouco
mas algumas sempre levei
ficava com as mãos inchadas
só eu sei o chorei
devia ser de brincar
e estar sempre a falar
esse era o meu defeito
que continua a me acompanhar
eu gostava muito
de ver a professora desenhar
ela desenhava tão bem
que eu gostava de admirar
ainda estou lembrada
de a ver desenhar
o mapa da Madeira
que sempre vou recordar
também desenhava pássaros
para mim era novidade
achava tão bonito
pois vivia com simplicidade
quando chegamos a terceira classe
o caso foi bem diferente
era o ultimo ano escolar
que estava com a gente
penso que foi para a reforma
pois já não podia ensinar
pois estava muito velhinha
quase não podia andar
morava perto da escola
era a mãe do menino Tiago
um senhor com idade
mas com porte de fidalgo
o marido coitado
já andava a delirar
deitava atrás dos pequenos
só queríamos no atentar
quando de longe o avistávamos
chamávamos lhe Agarra
ele corria atrás dos pequenos
faziam uma algazarra
eu também como criança
também lhe chamei agarra
ele deitou atrás de mim
e tinha uma navalha
não ganhei para o susto
fiquei com o corpo a tremer
depois ia pelo o muro
para ele não me ver
são memorias de criança
que tudo aconteceu
mas ele já estava velho
e pouco depois morreu
mas voltando a escola
tive de continuar
e a 4ª classe
tinha de acabar
pois a 4ª classe
foi outra professora
D. Maria coelho Pita
era muita sabedora
a escola era na vila
onde hoje é ajunta de freguesia
a escola tinha uma escada
era tudo uma folia
na hora do recreio
o sino estava a tocar
era tudo aos empurrões
para primeiro chegar
tinha uma empregada
a sr Mariazinha
era uma senhora boa
mas não parava a gritaria
depois nas aulas
tínhamos de ter atenção
para ir ao mapa
e sabermos a lição
também tinha o quadro
para as contas fazer
dividir, multiplicar,
somar e subtrair
fazíamos a prova dos nove
tudo tinha que dar certo
e saber as tabuadas
para tudo ser correto
quando eu ia a venda
estava com atenção
aprendi a fazer a prova dos nove
e fazia com presição
a sr Laurinda
sabia bem somar
eu fazia a prova dos 9
para nada poder falhar
também durante a escola
tínhamos que pagar
dois e quinhentos
para a caixa escolar
mas eu nunca levava
pois minha mãe não me dava
não havia dinheiro
pois meu pai só trabalhava
quando estava a terminar
a 4ª classe
tinha que fazer exame
para ver se passava
fiz um vestidinho
para na prova apresentar
fiz tudo certo
e tudo estava a terminar
quando tudo terminou
a professora pediu a minha mãe
para me por a estudar
mas não havia um vintém
pois eu era inteligente
e chorei que queria estudar
mas havia 8 filhos
meu pai só a trabalhar
foi triste deixar a escola
mas dinheiro não havia
e ninguém ajudava
aquele que não tinha
vim para casa brincar
e ajudar a fazer
a lida da casa
e tudo ter de aprender
depois aprendi a costura
que eu queria aprender
com a minha irmã São
até conseguir fazer
quando fui para a Matur
então comecei a estudar
trabalhava e estudava
até o 12ano acabar
voltando ainda a escola primaria
ainda tenho de contar
que davam um cartão
para a sopa levar
um cartão de madeira
que era uma alegria
íamos a S. Roque
todas numa correria
comíamos uma sopa
e também nos davam pão
as vezes tinha queijo
era uma satisfação
também havia
óleo de figado de bacalhau
ninguém gostava
pois o gosto era mau
e também havia as vacinas
que tudo ficava a tremer
quando chegava as enfermeiras
ninguém queria saber
a senhora da cantina
era a senhora Maria
uma senhora boa
e sempre com alegria
guardo estas recordações
e quero também dizer
que crise foi no meu tempo
nada havia para viver
agora tudo ajuda
e dão dinheiro para estudar
a segurança social
de tudo está a tratar
quando me lembro
de tudo o que passei
mas havia o carinho
do pai e da mãe
o pai ia trabalhar
a mãe com toda atenção
educava os filhos
sempre com muita atenção
e assim acaba a história
de tempos que já la vão
que tudo era difícil
e não havia um tostão
Machico,12 de janeiro 2012
foi um dia especial
foi o meu primeiro dia de escola
mais nenhum será igual
com uma batinha branca
e uma bolsinha de trapo
com uma pedra e um lápis
e um livrinho usado
arrepiada com frio
lá ia para a escola
era mesmo no engenho
lá ia com a sacola
dinheiro não havia
ninguém tinha para gastar
havia o recreio
mas era só para brincar
a D: Maria José Almada
era a minha professora
uma senhora velhinha
era mesmo uma doctora
as meninas ricas
eram sentadas á frente
vinham vestidas e calçadas
muito diferente da gente
eram tratadas diferentes
e tratadas por meninas
eram dos senhores da vila
que já tinham suas manias
a Lucinha e a Manuela
a Rosália e Adriana
eram mais finas
pois disso já tinham fama
na hora do recreio
olhava para o quintal
com laranjas pelo chão
era do Sr. Juvenal
então as meninas da casa
pediam para varrer
para darem uma laranja
que estava apodrecer
o quintal era asseado
com pedrinha do calhau
todo bem dividido
mas o acesso era mau
não se podia saltar
para as laranjas comer
só a menina Cristina
o caso podia resolver
nessa altura não havia
laranjas para comprar
era só pelo Natal
que alguém vinha vender
não vinha de fora
fruta para vender
era só da região
que havia para comer
mas eu gostava da escola
e chorava quando estava doente
queria ir para a escola
não queria ficar ausente
esperta e dedicada
tudo estava aprender
passei sempre de classe
só vendo para querer
ia com a minha prima
que era da minha idade
a minha prima Maria
que vivia com humildade
tinha os mesmos haveres
e a mesma situação
íamos as duas para a escola
com a maior satisfação
ela era obediente
e tinha medo de brincar
quando acabava a escola
eu só queria saltar
mas muitas vezes acontecia
de Maria não esperar
chegava primeiro do que eu
minha mãe estava a ralhar
então dizia á minha prima
que ela tinha de esperar
senão no outro dia
não a deixava estudar
estudávamos tanto
para tudo bater certo
sabíamos tudo de cor
nada era incorreto
a professora chamava-me
sempre com muita atenção
para eu ir ao mapa
apresentar a lição
isto na 3ª classe
sabia tudo aprumado
sabia os rios de core
e obtida o resultado
nessa altura havia a régua
que era muito engraçada
toda redonda com furos
ficava com as mãos inchadas
mas penso que levei pouco
mas algumas sempre levei
ficava com as mãos inchadas
só eu sei o chorei
devia ser de brincar
e estar sempre a falar
esse era o meu defeito
que continua a me acompanhar
eu gostava muito
de ver a professora desenhar
ela desenhava tão bem
que eu gostava de admirar
ainda estou lembrada
de a ver desenhar
o mapa da Madeira
que sempre vou recordar
também desenhava pássaros
para mim era novidade
achava tão bonito
pois vivia com simplicidade
quando chegamos a terceira classe
o caso foi bem diferente
era o ultimo ano escolar
que estava com a gente
penso que foi para a reforma
pois já não podia ensinar
pois estava muito velhinha
quase não podia andar
morava perto da escola
era a mãe do menino Tiago
um senhor com idade
mas com porte de fidalgo
o marido coitado
já andava a delirar
deitava atrás dos pequenos
só queríamos no atentar
quando de longe o avistávamos
chamávamos lhe Agarra
ele corria atrás dos pequenos
faziam uma algazarra
eu também como criança
também lhe chamei agarra
ele deitou atrás de mim
e tinha uma navalha
não ganhei para o susto
fiquei com o corpo a tremer
depois ia pelo o muro
para ele não me ver
são memorias de criança
que tudo aconteceu
mas ele já estava velho
e pouco depois morreu
mas voltando a escola
tive de continuar
e a 4ª classe
tinha de acabar
pois a 4ª classe
foi outra professora
D. Maria coelho Pita
era muita sabedora
a escola era na vila
onde hoje é ajunta de freguesia
a escola tinha uma escada
era tudo uma folia
na hora do recreio
o sino estava a tocar
era tudo aos empurrões
para primeiro chegar
tinha uma empregada
a sr Mariazinha
era uma senhora boa
mas não parava a gritaria
depois nas aulas
tínhamos de ter atenção
para ir ao mapa
e sabermos a lição
também tinha o quadro
para as contas fazer
dividir, multiplicar,
somar e subtrair
fazíamos a prova dos nove
tudo tinha que dar certo
e saber as tabuadas
para tudo ser correto
quando eu ia a venda
estava com atenção
aprendi a fazer a prova dos nove
e fazia com presição
a sr Laurinda
sabia bem somar
eu fazia a prova dos 9
para nada poder falhar
também durante a escola
tínhamos que pagar
dois e quinhentos
para a caixa escolar
mas eu nunca levava
pois minha mãe não me dava
não havia dinheiro
pois meu pai só trabalhava
quando estava a terminar
a 4ª classe
tinha que fazer exame
para ver se passava
fiz um vestidinho
para na prova apresentar
fiz tudo certo
e tudo estava a terminar
quando tudo terminou
a professora pediu a minha mãe
para me por a estudar
mas não havia um vintém
pois eu era inteligente
e chorei que queria estudar
mas havia 8 filhos
meu pai só a trabalhar
foi triste deixar a escola
mas dinheiro não havia
e ninguém ajudava
aquele que não tinha
vim para casa brincar
e ajudar a fazer
a lida da casa
e tudo ter de aprender
depois aprendi a costura
que eu queria aprender
com a minha irmã São
até conseguir fazer
quando fui para a Matur
então comecei a estudar
trabalhava e estudava
até o 12ano acabar
voltando ainda a escola primaria
ainda tenho de contar
que davam um cartão
para a sopa levar
um cartão de madeira
que era uma alegria
íamos a S. Roque
todas numa correria
comíamos uma sopa
e também nos davam pão
as vezes tinha queijo
era uma satisfação
também havia
óleo de figado de bacalhau
ninguém gostava
pois o gosto era mau
e também havia as vacinas
que tudo ficava a tremer
quando chegava as enfermeiras
ninguém queria saber
a senhora da cantina
era a senhora Maria
uma senhora boa
e sempre com alegria
guardo estas recordações
e quero também dizer
que crise foi no meu tempo
nada havia para viver
agora tudo ajuda
e dão dinheiro para estudar
a segurança social
de tudo está a tratar
quando me lembro
de tudo o que passei
mas havia o carinho
do pai e da mãe
o pai ia trabalhar
a mãe com toda atenção
educava os filhos
sempre com muita atenção
e assim acaba a história
de tempos que já la vão
que tudo era difícil
e não havia um tostão
Machico,12 de janeiro 2012
Lídia Aveiro
Assinar:
Postagens (Atom)